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Trapalhadas na política externa prejudicam economia do Paraná

Por Arilson Chiorato*

Nesta semana o presidente Jair Bolsonaro completou 100 dias de governo. Contudo, em vez de começar a apresentar ao País medidas práticas, com foco na retomada do crescimento econômico, no combate ao desemprego e na melhoria da vida da população, o presidente priorizou a agenda dos costumes.

Muito se discutiu sobre os tuites polêmicos do presidente e as crises enfrentadas pelo governo, motivadas em grande parte pela atuação desastrosa da família Bolsonaro nas redes sociais, que causou inclusive a demissão de ministro, além de casos de corrupção envolvendo o partido de Bolsonaro. Quase nada foi discutido sobre medidas concretas para o País.

As poucas decisões anunciadas pelo presidente geraram controvérsia e motivaram recuos por parte do Palácio do Planalto, principalmente quando se trataram de questões geopolíticas. Nesta área, as poucas medidas adotadas pelo governo Bolsonaro vão prejudicar duramente a economia do Paraná.

Ainda durante o período de transição, o presidente começou a manifestar sua opção pela aproximação com os Estados Unidos e a desqualificar a relação comercial com a China. Neste episódio, Bolsonaro abriu uma avenida para que os produtores de soja dos Estados Unidos buscassem aumentar suas exportações para o país asiático. Em 25 de fevereiro deste ano, por exemplo, o site Brasil Agro publicou matéria demonstrando que a China propôs a compra de U$ 30 bilhões anuais de produtos agrícolas dos Estados Unidos, o que equivale a praticamente toda a exportação brasileira de produtos agropecuários para os chineses em 2018.

A notícia é péssima para o Paraná, um dos principais produtores de proteínas vegetais e animais do País, que tem no agronegócio um dos pilares de sua economia.

No início de fevereiro o governo federal deixou de reeditar medida que sobretaxava a importação de leite, fazendo com que o leite europeu, altamente subsidiado pelos governos, ganhasse competitividade frente ao produto brasileiro. Mais uma vez, o episodio afeta diretamente os produtores paranaenses e prejudica toda a cadeia leiteira do Estado.

Outra medida danosa à economia paranaense começou antes mesmo da posse do novo presidente. A aproximação com o Estado de Israel, com o anúncio da abertura de uma embaixada em Jerusalém, causou um grande mal-estar com o mundo islâmico. Mesmo tendo recuado sobre a abertura da embaixada, o setor de carnes continua sofrendo em decorrência do dissabor político criado com os países árabes. Em janeiro, por exemplo, a exportação de frangos do Brasil caiu 15%. Em março, outro recuo, desta vez de 9,5%.

Em visita recente aos Estados Unidos, Bolsonaro anunciou a liberação de 750 mil toneladas/ano de importação de trigo norte-americano sem nenhuma taxação, medida que também atrapalha o agronegócio do Paraná.

Os reflexos das medidas contraditórias no campo da geopolítica que estão sendo adotadas pelo governo já começaram a chegar ao Paraná. A BRF anunciou recentemente a suspensão dos contratos de trabalho da fábrica de Carambeí, medida que vai atingir o emprego de 1.200 trabalhadores e trabalhadoras. Em Apucarana, a empresa Louis Dreyfus anunciou o corte de 20% dos postos de trabalho de uma moageira em Apucarana. São outros 60 postos de trabalho que deixarão de existir.

Vale ressaltar também o papel da Reforma da Previdência. Dos 399 municípios do Paraná, 335 possuem menos de 30 mil habitantes. O dinheiro das aposentadorias, portanto, é fundamental para movimentar a economia local e regional nestes pequenos municípios. Neste sentido, estudos mostram que 80% da população que se aposentou em 2017 não teria obtido o beneficio previdenciário se as normas propostas na Reforma da Previdência estivessem valendo. Portanto, caso esta reforma passe, os pequenos municípios do Paraná terão dias difíceis.

Estes são alguns dos reflexos das políticas anunciadas pelo governo Bolsonaro para a vida dos paranaenses. A sociedade deve estar atenda e se posicionar duramente contra as medidas que prejudicam a economia do Paraná.

* Arilson Chiorato é administrador, mestre em Gestão Urbana pela PUC-PR e deputado estadual pelo PT-PR.

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