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#Artigo: Os ataques ao povo paranaense e à nossa economia estadual

*Por Arilson Chiorato

Com quase 180 dias à frente do Brasil, o Governo Federal amarga nova revisão negativa da expectativa de crescimento do PIB e tem demonstrado uma enorme irresponsabilidade quanto à nossa política externa, relações comerciais e parcerias construídas e firmadas ao longo de anos. Os resultados à curto prazo são desastrosos e podemos esperar reflexos ainda mais profundos no médio e longo prazo. Vejamos:

As declarações do Presidente e a recente aproximação com o Estado de Israel, uma decisão ideológica da presidência, renderam o desagrado anunciado do mundo árabe, grande parceiro comercial do Brasil, e a consequente desvalorização das nossas exportações de carne, especialmente a de frango. Por sua vez, a aproximação com os Estados Unidos e a concessão de vantagens comerciais, principalmente na compra de 750 mil toneladas de trigo, em detrimento da relação já estabelecida dentro do Mercosul, neste caso com a Argentina, além de desprestigiar o comércio com parceiros latino-americanos, também afeta diretamente nossa cadeia produtiva paranaense, que teme ter dificuldades para competir com o trigo importado dos norte-americanos. Ou seja, danos diretos ao agronegócio, setor econômico tão relevante para o PIB do Paraná.

Ainda no campo da produção de grãos e derivados animais, sofremos um golpe direto para a cadeia leiteira, com a não renovação da tarifa antidumping imposta sobre o leite em pó europeu. Mais tarde, Bolsonaro reconheceu o equívoco e publicou decreto para manter a competitividade da produção nacional, um alento em meio a tantos desmandos e falta de sensibilidade com relação à nossa produção local. Já a soja, da qual o Paraná é o 2º maior produtor brasileiro (com mais de 19 milhões de toneladas), viu seu mercado diminuir com o recuo da compra chinesa e entrada mais ferrenha dos EUA na disputa por espaço internacional. Vale ressaltar que a relação Brasil-China foi abalada por declarações de Bolsonaro, abrindo espaço para que o gigante asiático comprasse, de Trump, muito mais soja do que previsto.

Se somarmos todos os itens descritos acima ao aumento do combustível, do gás e das tarifas de energia e água (estes dois últimos, de responsabilidade direta do Governo Estadual), além dos impactos econômicos provenientes da Reforma da Previdência proposta pelo Governo Federal – que trará, se aprovada, perda de capacidade de compra, especialmente nos pequenos municípios – temos um quadro pouco otimista para a retomada econômica, de emprego e renda, que o Brasil e o Paraná tanto precisam neste momento.

Em 180 dias de governo, a política externa pautada pela ideologia olavista do Ministro Otávio Brandelli, motivo de chacota por declarações que conflitam com a ciência e a história mundial, aliada à uma política econômica débil, presidida por Paulo Guedes e focada quase que exclusivamente na Reforma da Previdência, produziu um balanço de perdas consideráveis em relações bilaterais de comércio.

Contudo, as perdas vão ainda mais além! Sentiremos dano direto à competitividade interna e externa com o aumento considerável dos nossos custos de produção. Com a desvalorização do salário mínimo, ausência de reposição para os servidores públicos paranaenses (demanda estadual) e a eventual aprovação da Reforma da Previdência, podemos esperar, também, retração do nosso mercado consumidor varejista: menor poder de compra, menos demanda, menos circulação monetária, falência dos pequenos empreendimentos.

Como se não bastasse, as previsões de crescimento econômico brasileiro sofreram a 17ª revisão negativa consecutiva. Segundo o Boletim Focus, a previsão despencou de 2,53% para 0,87% de crescimento este ano apenas. A produção industrial, por exemplo, será do no máximo 0,47% (antes era 1,49%). Com o alerta de especialistas para possível recessão econômica – descartado a princípio por Paulo Guedes – a equipe responsável no Governo Federal já estuda novos cortes orçamentários em virtude da queda de receitas.

Olho com atenção e pessimismo os rumos que estamos tomando. Pelo visto, este mesmo pessimismo é compartilhado pelo mercado, pelo setor produtivo e pelos administradores públicos. A perspectiva imediata para o povo paranaense – tão carente da retomada do desenvolvimento local, da geração de emprego e renda, da valorização dos salários e do poder de compra – é de governos pouco capazes de apresentarem, em conjunto ou separadamente, ações concretas para que tenhamos expansão econômica e respeito ao povo e à cultura produtiva do nosso estado.

*Arilson Chiorato é Administrador, Mestre em Gestão Urbana pela PUC e deputado estadual pelo PT-PT

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