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O futuro do Bosque da Copel, de Curitiba, é debatido em audiência pública

Debate proposto pelo deputado Arilson questionou a falta de transparência do processo e os danos ambientais

16/12/2025

A Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) realizou ontem, segunda-feira (15), uma audiência pública para debater o tema “Bosque da Copel: Direito à Cidade Sustentável e Transparência”, reunindo entidades ambientais, representantes da sociedade civil e moradores de Curitiba.

A iniciativa foi proposta pelo deputado Arilson Chiorato (PT), presidente da Comissão de Ecologia, Meio Ambiente e Proteção aos Animais, com o objetivo de discutir os impactos da venda da área após a privatização da Copel e os riscos ambientais e urbanos envolvidos no projeto de construção de prédios no local.

Durante a audiência, o deputado Arilson, que também é líder da Oposição na Alep, destacou a relevância ecológica do Bosque da Copel, área de mata nativa que soma cerca de 47 mil metros quadrados, além de outros 21 mil metros pertencentes ao município, e que integra um programa de proteção de grandes mamíferos da Serra do Mar.

Segundo o parlamentar, o espaço abriga espécies ameaçadas de extinção, como a anta e o gato-maracajá, além de exercer função essencial no equilíbrio climático e na qualidade de vida urbana. “Trata-se de um refúgio ecológico dentro da cidade, uma barreira contra o calor e um espaço de alta sensibilidade ambiental. A venda dessa área para a construção de cerca de 20 prédios, equivalente a sete campos de futebol, representa um dano ambiental irreversível”, afirmou.

O deputado também criticou a falta de transparência no processo de venda do bosque, ocorrido em setembro do ano passado, e questionou o sigilo em torno da negociação e da identidade dos compradores. Para Arilson, embora o negócio seja tratado como privado, o impacto do empreendimento extrapola interesses comerciais.

“O documento pode ser privado, mas o bosque é público pela sua função social e ambiental. Ele pertence à cidade. Não há como Curitiba se afirmar como capital ecológica e, ao mesmo tempo, permitir uma contradição desse tamanho”, declarou.

A vereadora Vanda de Assis (PT) também participou do debate e reforçou as críticas à privatização da Copel, relacionando o caso do bosque a um conjunto mais amplo de prejuízos ao Paraná. Para ela, a população precisa compreender os efeitos da privatização não apenas na qualidade dos serviços, mas também na perda de patrimônio coletivo.

“É inaceitável que um bosque, que é da cidade e não de um bairro específico, seja tratado como mercadoria. Estamos aqui para denunciar esse processo e dizer que não aceitaremos que o Bosque da Copel seja destruído”, afirmou.

A vereadora Lais Leão (PT) também participou do evento, por vídeo. Contou que a Copel respondeu por ofício informando que a área foi vendida, em setembro de 2024, mas não informou para quem. Também relatou que não há projetos em aprovação, tanto pela prefeitura quanto pela Sedest (Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do Paraná). Ela informou que a ideia é realizar o tombamento do bosque. “Entramos com um longo protocolo do processo de tombamento do Bosque da Copel. A lei municipal prevê que, no momento em que se protocola o pedido de tombamento, aquela área fica congelada até que o Conselho de Patrimônio delibere sobre ela. Enquanto eles deliberam, o bosque fica protegido. Nenhuma árvore pode ser cortada e nenhuma via pode ser aberta.”

Verônica Rodrigues, da SOS Arthur Bernardes, também participou da audiência. “É urgente entendermos a pauta ambiental como prioritária. Não temos mais para onde fugir. Não temos mais como conter o dano; ele já é fato. Os extremos climáticos sempre existiram na história da humanidade, mas nunca com tanta frequência e intensidade. Por isso, o corte de árvores dentro de Curitiba não pode ser tolerado. Essa lei de compensação não nos serve.”

Já Matteus Henrique, advogado e suplente de vereador de Curitiba, contribuiu com o debate. Ele destacou que já estamos sentindo os efeitos das mudanças climáticas na cidade e que é preciso se unir para combater ações como essa.

Amanda Meireles, representante do Grupo Bosque da Copel, demonstrou sua indignação com a venda. “Estamos caminhando para um ecocídio. Meio ambiente não é mercadoria, não está à venda e muito menos pode ser usado como barganha política.”

Também contribuíram para a discussão Julia Lima, representando o movimento Escolas pelo Clima, a advogada Andreia Cogus e Wellington Dalbem, do grupo Agricultura Regenerativa, entre outros.

Fontes:

Texto – ALEP (Pedro Sarolli)
Foto- ALEP (Orlando Kissner)

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