Líder da Oposição, deputado Arilson Chiorato (PT), pede na Justiça esclarecimentos sobre o conteúdo do material. Os novos áudios serão encaminhados às autoridades competentes, inclusive à Procuradoria Regional Eleitoral
(30/12)
O escândalo envolvendo a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) ganhou novos desdobramentos no início da noite desta terça-feira (29/12). O deputado estadual Arilson Chiorato (PT) tomou conhecimento de novos áudios, que reforçam suspeitas de repasses ilegais de dinheiro para o pagamento de dívidas da campanha eleitoral de 2022 do governador Ratinho Júnior (PSD). As gravações detalham valores, prazos e formas de entrega dos recursos, o que, segundo o parlamentar, amplia a gravidade das denúncias.
“Não adianta o governador Ratinho falar que é pauta velha. O Ministério Público, a Justiça Eleitoral e a própria Sanepar devem explicações aos paranaenses, que a cada dia tem acesso a novos capítulos dessa trama vergonhosa envolvendo agentes públicos. Se já foi investigado, como disse o governador, o que se concluiu?”, questiona o deputado Arilson, que é líder da Bancada de Oposição na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) e presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) no Paraná.
As novas revelações se somam aos áudios divulgados na semana passada pelo Diário de Maringá e repercutidos pela imprensa regional e nacional. Ontem, o Jornal Plural, após investigação jornalística, contextualizou parte das informações dos áudios. O montante de R$ 4 milhões mencionado nas gravações da semana passada, se aproxima do déficit registrado na prestação de contas oficial apresentada à Justiça Eleitoral.
Segundo a reportagem do Plural, dados do sistema DivulgaCandContas, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), indicam que a campanha declarou cerca de R$ 11 milhões em receitas e aproximadamente R$ 14 milhões em despesas, resultando em um passivo de cerca de R$ 3,4 milhões ao final do processo eleitoral. “Vamos encaminhar os novos áudios para as autoridades competentes, inclusive para a Procuradoria Regional Eleitoral. O povo do Paraná merece uma resposta à altura da gravidade dessa situação, no mínimo, lastimável”, avalia o deputado Arilson. A corregedoria Regional Eleitoral é a unidade do Ministério Público Eleitoral que atua nas causas de competência do Tribunal Regional Eleitoral no Paraná (TRE-PR).
Assim como na primeira leva de áudios, as gravações que vieram à tona ontem, também são atribuídas a pessoas que já ocuparam altos cargos na Sanepar e também no Executivo Estadual. O conteúdo sugere pedidos de arrecadação de recursos dentro da estatal, supostamente destinados a cobrir débitos da campanha de reeleição de Ratinho Jr.
Os áudios indicam a hipótese de uso da estrutura da empresa pública como instrumento irregular de arrecadação, incluindo supostos pedidos para que servidores comissionados da Sanepar doassem parte do Plano de Participação nos Resultados (PPR) para a campanha.
Na avaliação do deputado Arilson, as novas gravações revelam “mais capítulos de uma história lamentável e triste”. “O que vemos é um cenário muito diferente do ‘case de sucesso’ que o governo tenta propagandear. Infelizmente, a falta d’água é comum, mas, ao que tudo indica, não é por falta de dinheiro para investir em manutenção e infraestrutura, mas porque são usados para outros fins”, comenta o deputado.
ENCAMINHAMENTOS – Na semana passada, ao ter conhecimento do teor dos primeiros áudios, o deputado Arilson e o deputado Requião Filho (PDT) protocolaram representações formais junto à Polícia Federal (PF), ao Ministério Público do Paraná (MP-PR), à Procuradoria Regional Eleitoral (PRE), ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR) e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Os pedidos solicitam a abertura de procedimentos para apurar possíveis crimes eleitorais e administrativos, além da adoção das medidas legais cabíveis.
Paralelamente, os parlamentares também protocolaram um requerimento de informações à Casa Civil, com base na Lei de Acesso à Informação (LAI). O pedido cobra dados sobre contratos, nomeações, exonerações e providências adotadas pelo governo estadual diante das denúncias envolvendo a Sanepar.
Crédito foto: AEN




