Por Arilson Chiorato, deputado estadual e presidente do PT-PR
O governador do Paraná, também já chamado nos bastidores como ‘entregador’ do Paraná, virou figura assídua e aguardada por investidores da B3. Se eu fosse um investidor, com certeza, ficaria atento à agenda do governador, porque cada passagem pela bolsa de valores de São Paulo é uma empresa estratégica paranaense liquidada. Deputado Arilson, você está exagerando. Tem razão. Nem sempre são empresas, às vezes são setores inteiros, como o rodoviário.
Ou você já se esqueceu do último dia 29 de setembro, quando o lote 2 do leilão do programa de concessão de rodovias do Paraná (PRVias), que abrange 604 quilômetros de rodovias federais e estaduais entre Curitiba, litoral, Campos Gerais e Norte Pioneiro, foi arrematado por 0,08% de desconto? Se esqueceu, é só acessar o Youtube. As imagens são claras, um leilão sem concorrência, com desconto irrisório e um contrato bilionário com validade para 30 anos, podendo ser prorrogáveis por mais cinco.
Dia 29 de setembro a farsa veio à tona. Leilão na B3 não é sinônimo de ampla concorrência, garantia de obras nem transparência. Neste dia, olhando as imagens, lembrei do meu tempo de catequista, e uma mensagem veio à cabeça: “Não tem como uma fonte jorrar duas águas, doce e salgada. Nem alguém servir a dois senhores, pois amará um e odiará o outro; será leal a um e desprezará o outro”.
Em uma analogia simples, não tem como atender aos reais interesses do povo e ser amigo dos investidores da B3. Não dá, porque os valores são outros. Os interesses são outros. As marteladas não simbolizam só o negócio arrematado, se traduzem no desprezo pela luta dos copelianos e copelianas, que viram a empresa ser fatiada e entregue ao mercado no dia 14 de agosto. Onze dias depois foi o leilão do lote 1 das rodovias.
No mês anterior, mais precisamente dia 14 de julho, foi a vez da Sanepar, o grupo Saneamento e Consultoria, formado pela Aegea, Perfin e Kinea, vai administrar o serviço em dezesseis municípios da Região Metropolitana de Curitiba e também do litoral paranaense.
No dia 23 de fevereiro, na B3, por R$ 1 milhão a área PAR50, destinada a granéis líquidos no Porto de Paranaguá, foi leiloada. Em março, dia 30, o terminal de carga geral, principalmente de açúcar ensacado, foi entregue ao mercado. Agora, após ser adiado em agosto e outubro, o leilão do área PAR09, destinada à movimentação e armazenagem de granéis sólidos vegetais, deve acontecer no dia 12 de dezembro.
Já sabemos a data de mais uma martelada. Nem sei mais se o morador do Palácio do Iguaçu pode ser chamado de governador, ‘entregador’ ou martelador, enfim, precisa se decidir sobre quem servirá: o povo do Paraná ou os investidores da B3?
Crédito foto – Reprodução Getty Imagens/CNN