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A intolerância é um câncer para a vida em sociedade

por Arilson Chiorato, deputado e presidente do PT-PR

É visível que o Brasil passa por um momento de polarização política, talvez o mais acentuado das últimas décadas. E é fundamental compreendermos que essa situação não chegou a este ponto da noite para o dia, pelo contrário, é resultado de muito desgaste e ataques direcionados ao PT, à esquerda e suas lideranças.

Acontece que, até alguns anos atrás, na eleição de 2014, que reelegeu Dilma Rousseff, a polarização era grande, mas ainda cabia dentro da disputa democrática. O pós-eleição foi o que começou a dar o tom de que a oposição derrotada nas urnas não aceitaria, como não aceitou, o resultado.

Porém, a polarização, o ódio incutido há décadas, diuturnamente na mente das pessoas através especialmente da grande mídia, abriu espaço para o que existe de mais atrasado na política: a barbárie. Até o momento em que era uma disputa entre esquerda e direita, onde um não aceitava o resultado das urnas, conseguíamos conviver e nos respeitar. Tratar os adversários como adversários, nunca como inimigos.

Acontece que o terreno estava fértil para a ascensão do bolsonarismo, porque mais prejudicial que Bolsonaro, é o bolsonarismo. Um deputado do Rio de Janeiro sem grandes projeções políticas nem liderança na Câmara Federal se tornou presidente e não foi pela sua habilidade política de construir alianças, mas pelas ideias absurdas que teve coragem (ou covardia) de propagar e que arrastou consigo milhões de insatisfeitos, raivosos e preconceituosos.

Digo tudo isso para ilustrar um lamentável episódio que aconteceu na Assembleia Legislativa do Paraná, onde um deputado, ao usar de seu direito de fala no púlpito, proferiu ameaças ao ex-presidente Lula e a integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra.

A fala do deputado me fez lembrar do próprio Bolsonaro, que na votação do impeachment contra a ex-presidenta Dilma, homenageou um torturador da ditadura militar.

No ano de 2022 não temos que dizer apenas “Fora Bolsonaro”, temos que dizer “Bolsonarismo nunca mais”. Nosso dever é combater estes que desrespeitam a democracia, que ameaçam o nosso direito de conviver em harmonia e em segurança.

Considero inadmissível que um parlamentar use de seu discurso para ameaçar alguém de quem discorda politicamente. Estas pessoas inflam ainda mais a polarização, querem acentuar a escalada da violência política em ano eleitoral. Querem que nos sintamos acuados, intimidados, querem que tenhamos medo.

Mas mal sabem eles que quem luta pela justiça social, quem se levanta contra o opressor, tem bravura de sobra. E este ano, nós vamos para as ruas derrotar não o Governo, mas esses ideais arcaicos, o preconceito, o desrespeito, o fascismo. A democracia brasileira é ainda muito jovem e já sofreu duros golpes, mas será restabelecida e voltaremos a ter orgulho de nosso país. Estes que insistem em se sobrepor com violência e ameaças não podem ter mais espaço. A divergência de ideologia é saudável para a democracia, mas a intolerância é um câncer para a nossa vida em sociedade.

Fotos: Orlando Kissner/Alep

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