A presença do governador Ratinho Jr (PSD) no ato promovido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no último domingo (7), em São Paulo, reacendeu o debate sobre o compromisso de lideranças públicas com a democracia. O evento, realizado na Avenida Paulista, defendeu abertamente a anistia aos responsáveis pelos ataques de 8 de janeiro de 2023, em Brasília. Em discurso na tribuna do Plenário nesta terça-feira (8), o deputado Arilson Chiorato (PT), Líder da Oposição na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), afirmou que a participação do governador sinaliza um afastamento preocupante do respeito às instituições democráticas.
“O governador do Paraná precisa representar o Estado com equilíbrio e responsabilidade institucional. Ao participar de um ato que questiona a legitimidade do STF [Supremo Tribunal Federal] e relativiza crimes contra a democracia, ele assume uma postura incompatível com a Constituição”, afirmou o parlamentar.
Ato buscou apagar a gravidade dos crimes de 8 de janeiro
A manifestação com Bolsonaro, na avaliação do deputado Arilson, foi mais do que um ato político: representou uma tentativa de minimizar a gravidade dos ataques ao Estado Democrático de Direito. A defesa da anistia aos envolvidos nos crimes de 8 de janeiro, feita pelo governador Ratinho Jr — que afirmou que a medida “ajudaria a pacificar o país” — reforça esse movimento. Para o Líder da Oposição na Alep, a declaração relativiza atos gravíssimos e abala a confiança da sociedade nas instituições.
Arilson lembrou que, por decisão unânime, o STF tornou Jair Bolsonaro e outros sete aliados réus por envolvimento direto na tentativa de golpe. Eles compõem o chamado “núcleo crucial” da trama golpista, dentro de um grupo mais amplo de 34 denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Entre os crimes imputados estão: organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado com uso de violência contra patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. Esses atos estão diretamente ligados aos ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.
“O 8 de janeiro foi resultado de uma escalada antidemocrática: ataques às urnas, acampamentos com pedidos de intervenção militar e até planos de assassinato de autoridades. Esse processo culminou na invasão das sedes dos Três Poderes. Não há como relativizar ou perdoar isso”, afirmou o parlamentar.
De acordo com o deputado Arilson, conceder anistia aos envolvidos seria abrir precedente para novas ações violentas contra a ordem constitucional. “Sem responsabilização, não existe democracia. A justiça precisa prevalecer para que esses crimes não se repitam”, completou.
Contradições expõem incoerência do governo estadual
Além da preocupação com o cenário nacional, o deputado Arilson chamou atenção para as contradições do próprio Governo do Paraná. O deputado comparou a postura de Ratinho Jr. diante dos atos de 8 de janeiro com a reação a manifestações pacíficas no estado, como os protestos de professores e servidores da Educação em junho de 2024.
“Quando são educadores defendendo seus direitos, o governo pede prisão de lideranças sindicais. Quando são golpistas tentando apagar um ataque às instituições, recebe apoio público. Essa incoerência expõe um projeto político que escolhe seus alvos com base na conveniência ideológica”, afirmou.
O deputado Arilson finalizou dizendo que o Paraná precisa de lideranças comprometidas com os desafios reais da população, como saúde, educação, geração de empregos e combate à fome, e não com disputas políticas que ameaçam os pilares da democracia.
Assessoria Liderança da Oposição